LUGAR DE MULHER E NA CORRETAGEM
18/03/2021 - MULHERES NO MERCADO IMOBILIÁRIO
8 de Março de 2021
No mês que celebramos o Dia Internacional da Mulher, o CRECI/SC traça um perfil das profissionais neste mercado.
Anualmente o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, relembra a luta pelos direitos das mulheres e reconhece o importante papel delas na construção de uma sociedade mais justa. No entanto, nos outros dias do ano, os desafios são muitos e constantes, exigindo muita força e responsabilidade desde cedo, com os estudos, com o trabalho, com a família e, principalmente, com a economia do País.
Apesar da participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil ter caído ao menor nível em 30 anos por causa da pandemia, elas ainda representam 46,3% da força de trabalho. No mercado imobiliário, este número também é significativo. Segundo os dados apurados em dezembro pelo Sistema COFECI-CRECI, dos mais de 413 mil corretores de imóveis ativos, 34% são mulheres, ou seja, mais de 143 mil profissionais. Em Santa Catarina, cerca de 11 mil mulheres foram registradas no CRECI/SC, 27,5% do total de registrados.
E bons exemplos não faltam para inspirar mulheres a ingressar nesta área. Sandra Rogéria Martins Mostiack (CRECI/SC 8500-F) é 1ª Diretora-Tesoureira do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI/SC) e atua como corretora de imóveis há 23 anos. Ex-bancária, Sandra afirma não medir esforços para conquistar cada vez mais, o reconhecimento e o respeito da profissão junto à sociedade. “A minha maior meta é fazer com que mais mulheres participem das entidades de defesa da categoria. Infelizmente ainda encontramos dificuldades em um campo com tantos homens em posição de liderança”, alega.
Entretanto, a diretora reconhece que houve evolução. “No início, nem se podia cogitar a ideia de uma mulher ser corretora de imóveis e, com o passar dos anos, as coisas foram mudando e fomos abrindo e conquistando nosso espaço no mercado”, argumenta. Desde 2019, o CRECI conta com 14 mulheres em posição de liderança, entre diretoras, conselheiras e delegadas regionais.
Além disso, outras 51 trabalhadoras contribuem para a execução das funções do Conselho. “É muito importante a participação das mulheres em todos os setores, devemos nos unir sempre e ocupar mais espaço no mercado de trabalho, nas organizações, na política, nas universidades. Nosso valor está cada vez mais sendo reconhecido, mas isso precisa melhorar.”, define Shai Graeff, Diretora-adjunta de Comunicação e Assuntos da Mulher Corretora do CRECI/SC.
Seriedade e flexibilidade para lidar com os desafios da profissão
A Conselheira Suplente do CRECI/SC, Vanessa Giese, entrou para a carreira por influência da sogra. “Ela era corretora e estava tendo muito sucesso na atividade e me incentivou”, relembra. Atuando há quase 14 anos no mercado de agenciamento e venda de imóveis, ela fala dos desafios e aconselha quem está começando na profissão: “O início de carreira apresenta desafios para qualquer profissional. Acredito que o principal desafio para as mulheres corretoras ainda é dar conta da jornada tripla e lidar com o assédio”, avalia.
Para lidar com os desafios, Vanessa crê que é preciso ter postura. “A corretora precisa transmitir seriedade e credibilidade ao cliente, apresentando-se como uma profissional de confiança e segura das informações que oferece”, explica.
Já a delegada do CRECI/SC em Lages, Juliana M. de Oliveira optou pela carreira justamente por causa da flexibilidade que a profissão oferece. “Os horários flexíveis para poder cuidar dos filhos e o fato de eu fazer meu próprio salário foram os principais aspectos que definiram a minha escolha. Ser corretora de imóveis, antes de tudo, é ser uma ótima gestora de tempo, precisa ter planejamento e organização para dar conta das demandas da casa, da vida, do trabalho etc.”, define.
E em tempos de pandemia, Juliana acredita que essa sabedoria sobre a gestão do tempo é uma excelente qualidade para as profissionais. “Nunca se falou tanto sobre mudar, comprar ou trocar de imóveis. As pessoas foram obrigadas a ficar mais em suas residências. E eu, como corretora de imóveis, devo entender e orientar bem sobre este processo de adaptação aos novos tempos, pois os clientes estão dando prioridade para quem tem conhecimento aprofundado sobre o assunto, evitando desperdício de tempo e dinheiro”, pondera.
História e futuro
Até 1958, o Artigo 37 da Lei 556/50 proibia mulheres de exercerem a profissão de corretora de imóveis e somente graças à revogação feita na Justiça, elas passaram a ter o direito de atuar no mercado imobiliário.
Em Santa Catarina, a primeira mulher registrada no CRECI/SC, sob o número 10F, foi Maria Cecília Andrade, em 1973. Além dela, Zali Lebarbenchon da Silveira também foi credenciada naquele ano.
De lá para cá esse cenário mudou. Somente em 2020 o CRECI/SC credenciou 1.047 corretoras, entre elas a portadora do CRECI 40.000-F, Carmen de Fátima Quintiliano. E em 2021, o ritmo de crescimento de profissionais mulheres é surpreendente: até metade de fevereiro, 127 corretoras foram credenciadas, entre elas, Ana Carolina Castro, que escolheu a profissão após trabalhar com telemarketing em uma imobiliária. “Fazia o agendamento de clientes para os corretores, comecei a acompanhar o dia a dia do escritório e me apaixonei. Gosto de trabalhar diretamente com pessoas, de conversar, de ter uma vida mais agitada, com direito a tudo o que a corretagem nos proporciona: autonomia, liberdade, fazer nosso próprio salário, expandir os horizontes de atuação, sem se limitar a uma cadeira de escritório e um computador para o resto da vida”, declara.
Ela também conta que logo após o credenciamento, já colocou as “mãos na massa”. “Estava com todo o plano de ação desenhado e que agora finalmente estou colocando em prática. Eu monto minha agenda da semana, com os meus compromissos fixos, academia, curso, igreja e ao longo de cada dia vou encaixando as reuniões, os atendimentos, as visitas aos clientes. Para nós corretoras autônomas, organização é fundamental”, comenta.
Sobre os principais desafios da profissão para as mulheres, Ana destaca que apesar do mercado majoritariamente masculino, as profissionais vêm se aventurando e conquistando o seu espaço. “Ainda existe um certo preconceito, mesmo que isso seja de forma indireta. Por exemplo, alguns clientes ainda confiam mais quando um homem está à frente de uma negociação do que uma corretora. Então temos que buscar sempre nos posicionar, com ética e profissionalismo. Acredito que é preciso tornar a profissão mais igualitária, mas por meio das nossas atitudes, com o objetivo de se tornar uma autoridade no mercado”, conclui.